TADAO ANDO
Row House (1975), em Osaka, no Japão;
Meditation Spaca Unesco (1977), em Ikuno, no Japão.
Para fazer uma casa, Severiano Mário Porto só precisava de algumas toras de madeira, algumas pranchas e os sarrafos que sobravam. A luz entrava diluída e o ar corria livremente para espantar o calor tal como faziam as várias gerações de habitantes da Amazônia. Entusiasmado, se deixou envolver pelas condições ambientais e geográficas da região para onde as circunstâncias de trabalho o levaram.
Lá, ele forjava os projetos de acordo com o clima, as técnicas e materiais locais. Do Rio de Janeiro, levou o conhecimento acadêmico e adaptou-o à maneira simples de construir, à memória e sabedoria dos artesões locais, transmitidas “de pai para filho”. Sem caráter folclórico, essa arquitetura tem despertado interesse em regiões com particularidades ambientais semelhantes, principalmente na América Latina, como demonstram os inúmeros convites de palestras ou mesmo as reproduções de suas obras, aqui e no exterior, até na longínqua Noruega.
Severiano viveu durante 36 anos em Manaus. Para lá se transferiu em 1965, mas conheceu a cidade dois anos antes quando fora de férias, “com passagem aérea de cortesia”. Profundamente tocado pela natureza quase primitiva que cercava a cidade de então 250 mil habitantes,recorda que a beleza e a suntuosidade da Amazônia, onde o silêncio só é comparável às suas proporções, “torna o homem muito pequeno”.