JOÃO PEDRO STÉDILE
Economista gaúcho. É um dos fundadores do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a mais importante organização de luta pela reforma agrária no Brasil.João Pedro Stédile (25/12/1953-) nasce em Lagoa Vermelha, no interior do Rio Grande do Sul, em uma família de imigrantes italianos. Aos 10 anos, vai para o seminário a pedido de sua mãe e faz o ginásio em um colégio de frades capuchinhos. Abandona a formação eclesiástica no segundo grau e, em 1972, muda-se para Porto Alegre para cursar economia na Pontifícia Universidade Católica (PUC). No ano seguinte, começa a trabalhar na Secretaria da Agricultura. Nessa época, filia-se ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bento Gonçalves e vincula-se à Comissão Pastoral da Terra, empenhada na reorganização das lutas camponesas. Com a atuação na pastoral, entra em contato com trabalhadores rurais sem-terra e participa da primeira ocupação de uma fazenda, em 1979, no Rio Grande do Sul. Stédile tem papel central na criação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), ocorrida em janeiro de 1984, durante o 1º Encontro Nacional dos Sem-Terra, que articula e unifica as várias reivindicações pela terra em curso no país. Desde então, as invasões de propriedades rurais - principal instrumento de pressão pela reforma agrária - já ultrapassam 1,5 mil. Stédile é um dos principais articuladores da organização das atividades do MST em âmbito nacional ao implantar uma estrutura que dá autonomia a seus diretores para solucionar questões regionais. Cria ainda a Associação Nacional de Cooperação Agrícola, encarregada das questões jurídicas do movimento. É de sua autoria o projeto que transforma o Pontal do Paranapanema, oeste de São Paulo, no centro das ações e decisões do MST. Em 1986, muda-se para São Paulo já como principal dirigente do MST. Escreve os livros Assentamentos: Uma Resposta Econômica da Reforma Agrária (1986), A Luta pela Terra no Brasil (1993), em parceria com Frei Sérgio Görgen eBrava Gente: A trajetória do MST e a luta pela terra no Brasil, junto com Bernardo Mançano Fernandes em 1999. Nesse mesmo ano, é indiciado pela Polícia Federal com base na Lei de Segurança Nacional depois de defender manifestação de sem-terra em uma rodovia de São Paulo. É casado com uma tradutora baiana, Joselita Maria Almeida, e tem quatro filhos. Em 2000, sua participação no programa Opinião Nacional, da TV Cultura, é censurada em cima da hora pelo ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social, Andrea Matarazzo, e o programa não vai ao ar.